sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sem título

Por um momento, tudo veio à tona. Na adolescência temos muitos sonhos; os meus eram audaciosos. Lembro-me dos meus 15 ou 16, quando o mundo era um campo de batalha e o meu pior inimigo era eu mesmo. Eu precisava acabar com esse inimigo, como minha mãe fez com a sua planta que cresceu muito e que estava em nossa sala – ela a cortou bem no começo do caule para que pudesse crescer ali uma outra planta, ainda mais bonita e sem doenças.

Eu não sei se esta regra é para todos, mas eu, quando era adolescente, vivia em um mundo catastrófico e conflitante; paradoxal; era um mundo completamente novo. Sem mais vaidades infantis ( posso lhes dizer que minha infância foi infame, ou quase isso, a não ser por poucas boas pessoas ), eu poderia agora fazer tudo aquilo que já estava sob a minha pele e ser deste mundo. Sim, deste mundo.

Quando eu era criança olhava quase todas as noites de verão para o céu limpo, clamando com lágrimas nos olhos que viessem me buscar – eu tinha certeza que esse não era meu lugar. Não me via na minha família, meus colegas me detestavam e zombavam de mim, todos os tipos de complexidades se criavam aqui dentro... E, finalmente, já adolescente as coisas mudaram, para pior, obviamente. Tudo o que eu vinha construindo de forma errada na infância, tornou-se um furacão ( que por pouco não acabou comigo).

Lá pelos meus 5 anos de idade ( e já sendo odiado pela maioria das pessoas e invisível para o resto delas), lembro-me, quando chegava em frente ao espelho e esse era alto demais para que eu pudesse me ver refletido nele, pedia do fundo do meu coração para que eu crescesse rápido para poder me ver e me arrumar. “Como eu serei com 20 e poucos?” , eu pensava. Era quase uma metáfora. Eu precisava crescer para poder arrumar a quantidade de estragos que ficaram dentro de mim.

Hoje, posso dizer que sou como eu imaginava que seria: mais forte e mais corajoso. Mas ainda não é o bastante; esse é apenas o começo. Eu tenho ainda um longo caminho para seguir. Tive que aniquilar aquele menino, apagar sentimentos e lembranças, destruir alguns sonhos; mas, de tudo aquilo o que ficou? Apenas a esperança e o perfeccionismo. De tão pisado, me fortaleci. Não deixarei que ninguém mais permaneça na minha frente, impedindo os meus sonhos, me dizendo que sou fraco ou esquisito.

Àqueles que me escarneceram eu ofereço a minha pena e lhes digo: Eu estou aqui e vocês ainda ouvirão o meu nome, ecoando em seus ouvidos como martelos sangrentos que o perseguirão pela eternidade.


Andrei.

2 comentários:

  1. Saudades das maravilhas escrita por ti...não canso de repetir teu talento para a escrita é #fato tu és um "escrevedor" de sentimentos foi um prazer ter feitoo curso de Letras contigo, as vezes não digo isso pessoalmente na sala, mas vês quando escreves, deixa-nos a vontade para falar de nossos sentimentos...adorei
    bjusss!

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  2. aaai que lindo o comentario da DAi... fiquei emocionada tbm.. com tudo.. mas destaque super descado para os martelos sangrentos da eternidade... Drei.. eu gosto demais de ti.. tu nem sabe o quanto e admiro muito tudo o que tu escreve tbm.. Lindo!!

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